quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

As crianças não estão certas

A melhor maneira de ver como o mundo é um lugar injusto e desgraçado é pensar, por um momento, onde estarão as pessoas que passaram pela sua vida. Claro que essa nostalgia ganha uma certa dramaticidade depois dos, sei lá, 20 anos. É tempo suficiente para as pessoas terem tomado caminhos diversos e feito coisas bizarras com suas vidas.
Passei algumas semanas de férias em Ijuí, e juntamente com a minha amiga, começamos a fazer um levantamento de onde estariam nossos colegas de escola. Como ela ainda mora lá e estudamos na escola do bairro, ela tem mais informações do que eu. E isso me fez refletir por muitos, muitos dias.
Em primeiro lugar, muito poucos tomaram providências reais para realizar seus sonhos de infância, o clássico "Quando eu crescer quero ser...". Óquei, as pessoas mudam de ideia, mas... Bom, darei exemplos.
Vários fazem a faculdade paga da cidade mesmo. A menos que sejam bolsistas, estarão endividados por um bom tempo. Ah, vamos combinar que passar em universidade estadual/federal ainda é o melhor, né? [/siachando] E a exceção, obviamente.
Já muitas meninas trabalham de vendedoras/balconistas/secretárias. Nada degradante, mas digamos que não seja O projeto de vida de uma pessoa, né?
Há histórias um pouco mais trágicas, claro. Existe a possibilidade de um colega nosso ter morrido em um acidente. Uma colega faz, hm, "trabalhos alternativos", fato tristemente admitido pela própria mãe. Fora os que tiveram filhos, claro.
O que nos deixou mais indignadas, ao fim de nossas pesquisas, foi que todos nós tivemos praticamente as mesmas oportunidades! Estudamos em escola pública, tinha lá suas falhas, mas no geral era boa.
Reflitam a respeito. Façam o possível, sempre. Sou da opinião de que quando alguém realmente quer algo, se esforça e consegue. Quando vocês encontrarem, daqui alguns anos, algum amigo de infância trabalhando de, sei lá, caixa de supermercado quando o que ele realmente queria era ser piloto de avião, entenderão do que estou falando.

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Fragile lives, shattered dreams

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