domingo, 27 de julho de 2008

Daniela, uma aventura na Amazônia - Parte I

Tudo começou quando um certo dia cismei de me inscrever para trabalhar de monitora no N Design. Duas breves explicações:
N Design: Encontro Nacional dos Estudantes de Design, promovido por comissões de estudantes de design, em sedes eleitas no encontro do ano anterior. Com duração de uma semana, reune estudantes dos recantos mais distantes do Brasil, para atividades acadêmicas tais como palestras, oficinas, mesas redondas, festas regadas a bebidas baratas e orgias, etc.
Monitor: trabalhador voluntário que é selecionado para ajudar no evento, realizando pequenas tarefas tais como orientar os encontristas, carregar material, auxiliar os oficineiros e o que mais for solicitado. Ganha, totalmente digrátis, a inscrição para o evento, a alimentação e um lugar no camping.
Tendo em vista o lugar da realização desse N - Manaus, Amazonas -, minha única oportunidade de ir seria ser selecionada para monitora. Assim eu economizaria uns R$150 (valor total dos itens citados acima), e como a passagem para lá já seria cara por demais, todo o dinheiro economizado era valioso.
Quando as inscrições para monitoria abriram, enviei o formulário de inscrição, toda alegre e esperançosa. Uma amiga minha, que já é mestra em trabalhar em encontros, mandou também.
No fim de abril saiu o resultado. Minha amiga foi chamada e eu não. Minhas esperanças foram por água abaixo. Mas eu devia me lembrar que comigo nem sempre as coisas são tão fáceis e don't stop believin'.
No meio de maio recebo um e-mail da organização perguntando se ainda queria ser monitora. Ora, mas que dúvida! Detalhe: o N começava dia 1º de junho, eu tinha três semanas pra me organizar. Como eu cismei que iria, então tudo teria que dar certo de alguma forma.
Aí começou a novela eterna das passagens de avião.
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Livre para voar (ou não necessariamente) - Parte I
Minha amiga me disse que as promoções boas de passagens ocorrem nos fins-de-semana. Só que eu tinha apenas DOIS fins-de-semana antes da viagem! Óquei, óquei. E o fim-de-semana imediatamente após a convocação eu perdi, já que meu pai não tinha ainda dinheiro pra me dar.
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Livre para voar (ou não necessariamente) - Parte II
Só para situá-los: o valor de passagem mais razoável que eu achei para o trecho São Paulo - Manaus (os preços partindo de Londrina ou até mesmo de Curitiba eram impraticáveis) era de R$619 cada uma, pela Gol.
Aliás, o pessoal da Gol é legal. Tem o leilão de passagens da Gol às terças de noite, mas seria muito difícil eu encontrar justamente as passagens dos dias que eu precisava. O preço era convidativo, valor inicial de R$300 ida e volta, mas como não havia passagens para os dias que queria, tive que deixar passar.
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Livre para voar (ou não necessariamente) - Parte III
Ainda havia uma agência de turismo, contratada especialmente para o N, que fazia uns descontos muito interessantes para os participantes do evento. Mas as chances de sair uma promoção nos dez dias anteriores ao evento eram pequenas, e de fato não saiu.
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Livre para voar (ou não necessariamente) - Parte IV
Eis que chega o último fim-de-semana anterior à minha suposta viagem. Fiz plantão nos sites da Gol, da Tam e da Varig, em busca de uma promoção.
Eis que surge uma promoção ótima da Varig: passagens de ida e volta + taxas de embarque por R$440! Isso era um sonho! E lá fui eu efetuar a compra. Só que havia um detalhe: o pagamento era somente com cartão de crédito, e meu limite ínfimo de conta universitária de R$300 não daria conta nem a pau. Mesmo assim fui em frente, com a intenção de, no dia seguinte, choramingar pra alguma atendente da Varig.
E foi o que de fato fiz. As opções eram:
a) Tentar passar o cartão de outra pessoa, mas nem minha mãe nem meu padrasto estavam em casa, de qualquer forma acho que não ia passar mesmo (essa fábula ocorreu no fim-de-semana após o feriado de Corpus Christi, por isso estava na casa da minha mãe);
b) Ir a uma loja da Varig e passar meu cartão de débito (o pior de tudo isso é que eu TINHA o dinheiro na minha conta! Não é bizarro a gente ter dinheiro e não conseguir pagar?). Considerando que agora só há lojas em capitais, meu deslocamento até uma era completamente inviável;
c) Ir no Banco do Brasil segunda-feira e me jogar aos pés do gerente, suplicando por um limite maior no crédito, opção que minha mãe considerou inviável por eu não ter renda comprovada.
Ou seja: estava beeeem complicado.
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Livre para voar (ou não necessariamente) - Parte V
Enquanto isso, no site da Gol havia a promoção de R$619 a passagem de ida, e R$13 a de volta. Com taxas e tudo, ficou R$670. Não era a opção mais atraente, mas era a única. Pelo menos aceitavam débito em conta. E assim foi.
Na segunda-feira contei a história toda para minhas colegas de turma. E uma delas exclamou: "Por que tu não falou comigo, Dani? Meu limite é de quase R$1000!". Por um motivo bem simples, oras: achei que todo mundo tinha uma conta universitária fudida que nem a minha.
Guardem esse momento. Ele será importante mais tarde.
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Eu queria escrever menos, mas não consigo. Desculpaí. =P
Continua

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Math, science, history, unraveling the mysteries
That all started with the big bang
Barenaked Ladies - The History of Everything

domingo, 20 de julho de 2008

Catástrofes culinárias

A minha mãe sempre cozinhou bem. Não tenho do que reclamar. Mas, por algum motivo, isso não se estende à minha pessoa, naturalmente.
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Nunca tive intimidade alguma com o fogão, nem com qualquer outra fonte de chamas. Com muito sofrimento consigo acender um fósforo e tenho medo de isqueiros. "Um fogão elétrico não seria a solução ideal?", você me pergunta. E eu diria que sim, se o da minha mãe não desse choque.
Em algum momento da minha infância, minha mãe decidiu que eu já tinha suficiente autonomia pra preparar uma caneca de leite gelado: duas colheres de uma imitação barata de Nescau, duas colheres de açúcar, leite até completar a caneca, misturar bem e servir. Rende uma porção. Tudo bem. Essa era a solução do verão, no inverno minha mãe continuava esquentando o meu leite. Isso até o dia em que ela decidiu que eu já tinha suficiente autonomia pra fazer leite quente também! O que foi uma sucessão de desastres: uma vez ficava daquele jeito nem frio nem quente, insosso; da outra ficava muito quente e até esfriar criava nata, e eu tenho simplesmente horror a nata. Como minha mãe se manteve firme nessa posição, abdiquei do leite quente. A minha vó era boazinha comigo, esquentava às vezes, porque ela ficava louca me vendo, num frio de 5°C, tomar leite recém saído da geladeira. Ela dizia que eu ia me resfriar e blá blá blá.
Acontece agora que eu não posso nem sentir o cheiro de leite quente! No intervalo minhas colegas compram e eu tenho ânsias de vômito com o cheiro.
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Eu sou daquelas que se, minha mãe me manda arrumar minha própria comida, fica uma semana sem comer. Um dia isso aconteceu com a pipoca.
Quer coisa mais estúpida do que a pipoca? Só colocar um pouco de óleo, um punhado de milho, e pronto! Não no meu caso, claaaaro. Dois amigos meus estavam em casa e minha mãe se recusou a fazer pipoca pra gente. Sob protestos, peguei a panela tradicional da pipoca, coloquei todos os ingredientes na proporção correta e liguei o fogão.
Saiu tanta fumaça da panela que parecia que a casa estava pegando fogo. =P
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Meu futuro como integrante de república, até então, não parecia muito promissor. O que não mudou absolutamente nada.
No meu primeiro mês em Londrina, ano retrasado, o restaurante universitário (R.U. ou Bandejão, como preferirem) estava fechado para reformas. Eu morava numa pensão, mas as refeições não estavam incluídas. Tive que me virar. E esse "me virar" significava chegar em casa, fazer um sanduíche quente com queijo e um copo de suco de saquinho. Em dias de extravagância extrema, ir no Habib's e comprar três esfihas de queijo, que é o que eu aguento comer. Depois que as obras terminaram, continuei não almoçando no R.U., porque tinha que pegar senha e demorava cerca de uma hora e meia.
Resultado: quase tive anemia. =X E me vi obrigada, mesmo a contragosto, a ficar horas sentada no gramado do R.U. esperando.
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Não sei mexer no microondas. Na pensão eu devo ter o usado umas três vezes, pra esquentar uma esfiha ou um pedaço de pizza, mas foi só.
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Consegui estragar uma pizza pré-pronta, dessas da Sadia ou da Perdigão. Não faz muito tempo, minha mãe e meu padrasto saíram e eu fiquei responsável pela janta minha e do meu irmão. Acho que não descongelou direito, ficou parecendo um pedaço de papelão com queijo cru e torrado em cima, mas eu comi junto com um copo de refri de framboesa sem gás e não me fez mal até hoje. \o/
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A necessidade (e a eventual preguiça de andar uma quadra pra comprar um cachorro-quente) me fez ver que o Miojo também é uma opção viável de alimentação. E, por incrível que pareça, não deu errado ainda nenhuma vez. Ou isso significa que estou progredindo, ou quer dizer que não há ser humano estúpido o suficiente para errar um Miojo. :P


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How many times must I sell myself before my pieces are gone?
I’m one of a kind
I’m designer
Queens of the Stone Age - I'm designer