domingo, 20 de julho de 2008

Catástrofes culinárias

A minha mãe sempre cozinhou bem. Não tenho do que reclamar. Mas, por algum motivo, isso não se estende à minha pessoa, naturalmente.
* * *
Nunca tive intimidade alguma com o fogão, nem com qualquer outra fonte de chamas. Com muito sofrimento consigo acender um fósforo e tenho medo de isqueiros. "Um fogão elétrico não seria a solução ideal?", você me pergunta. E eu diria que sim, se o da minha mãe não desse choque.
Em algum momento da minha infância, minha mãe decidiu que eu já tinha suficiente autonomia pra preparar uma caneca de leite gelado: duas colheres de uma imitação barata de Nescau, duas colheres de açúcar, leite até completar a caneca, misturar bem e servir. Rende uma porção. Tudo bem. Essa era a solução do verão, no inverno minha mãe continuava esquentando o meu leite. Isso até o dia em que ela decidiu que eu já tinha suficiente autonomia pra fazer leite quente também! O que foi uma sucessão de desastres: uma vez ficava daquele jeito nem frio nem quente, insosso; da outra ficava muito quente e até esfriar criava nata, e eu tenho simplesmente horror a nata. Como minha mãe se manteve firme nessa posição, abdiquei do leite quente. A minha vó era boazinha comigo, esquentava às vezes, porque ela ficava louca me vendo, num frio de 5°C, tomar leite recém saído da geladeira. Ela dizia que eu ia me resfriar e blá blá blá.
Acontece agora que eu não posso nem sentir o cheiro de leite quente! No intervalo minhas colegas compram e eu tenho ânsias de vômito com o cheiro.
* * *
Eu sou daquelas que se, minha mãe me manda arrumar minha própria comida, fica uma semana sem comer. Um dia isso aconteceu com a pipoca.
Quer coisa mais estúpida do que a pipoca? Só colocar um pouco de óleo, um punhado de milho, e pronto! Não no meu caso, claaaaro. Dois amigos meus estavam em casa e minha mãe se recusou a fazer pipoca pra gente. Sob protestos, peguei a panela tradicional da pipoca, coloquei todos os ingredientes na proporção correta e liguei o fogão.
Saiu tanta fumaça da panela que parecia que a casa estava pegando fogo. =P
* * *
Meu futuro como integrante de república, até então, não parecia muito promissor. O que não mudou absolutamente nada.
No meu primeiro mês em Londrina, ano retrasado, o restaurante universitário (R.U. ou Bandejão, como preferirem) estava fechado para reformas. Eu morava numa pensão, mas as refeições não estavam incluídas. Tive que me virar. E esse "me virar" significava chegar em casa, fazer um sanduíche quente com queijo e um copo de suco de saquinho. Em dias de extravagância extrema, ir no Habib's e comprar três esfihas de queijo, que é o que eu aguento comer. Depois que as obras terminaram, continuei não almoçando no R.U., porque tinha que pegar senha e demorava cerca de uma hora e meia.
Resultado: quase tive anemia. =X E me vi obrigada, mesmo a contragosto, a ficar horas sentada no gramado do R.U. esperando.
* * *
Não sei mexer no microondas. Na pensão eu devo ter o usado umas três vezes, pra esquentar uma esfiha ou um pedaço de pizza, mas foi só.
* * *
Consegui estragar uma pizza pré-pronta, dessas da Sadia ou da Perdigão. Não faz muito tempo, minha mãe e meu padrasto saíram e eu fiquei responsável pela janta minha e do meu irmão. Acho que não descongelou direito, ficou parecendo um pedaço de papelão com queijo cru e torrado em cima, mas eu comi junto com um copo de refri de framboesa sem gás e não me fez mal até hoje. \o/
* * *
A necessidade (e a eventual preguiça de andar uma quadra pra comprar um cachorro-quente) me fez ver que o Miojo também é uma opção viável de alimentação. E, por incrível que pareça, não deu errado ainda nenhuma vez. Ou isso significa que estou progredindo, ou quer dizer que não há ser humano estúpido o suficiente para errar um Miojo. :P


* * *
How many times must I sell myself before my pieces are gone?
I’m one of a kind
I’m designer
Queens of the Stone Age - I'm designer

Nenhum comentário: