Se tem uma coisa nessa vida que me dá gastura é papinho ecologicamente correto. Não que eu não ache que seja realmente importante, mas tem hora que enche o saco. Tipo vegetarianos. Nada contra, cada um come ou deixa de comer o que quiser, mas não venha me azucrinar me repreendendo pelo meu bife ou dizendo que animais são amigos, não comida.
Numa dessas, o que mais me irrita são as campanhas para que a gente deixe o carro em casa e use o transporte público, ou ande a pé. Na qualidade de pedestre e pobre, digo: se eu tivesse um carro, mánemmorta que eu ia deixá-lo em casa pra enfrentar um busão/metrô lotado. É muito mais fácil falar do que fazer.
Exemplo prático: ano retrasado, quando estava no 3o. ano da faculdade, uma professora nossa propôs que pensássemos em atitudes sustentáveis. Tava aquela coisa bonita, do tipo recolher papéis usados na sala de aula pra encaminhar pra reciclagem, incentivar o uso de canecas no RU, pra não gastar copinhos descartáveis, etc. Papo vai, papo vem, lembramo-nos que essa professora morava no mesmo condomínio de outra professora nossa. Singelamente, sugerimos que elas fossem de carona uma com a outra para a universidade. Arrá!
Ela: Mas é que é complicado, a gente vai pra lugares diferentes depois da aula, blá blá blá...
Eu: Sabia que existe um negócio grande e amarelo [pelo menos em Londrina são amarelos] chamado ônibus?
Ela: [expressão de horror, seguida de uma discussão que não levou a lugar algum]
Tão vendo só? É tudo muito bonito quando não é com você! Passei 22 anos da minha vida sendo sustentável (minha mãe nunca teve carro, pois morávamos numa cidade relativamente pequena e nossa casa era perto da minha escola e do trabalho dela), assim que eu puder irei à forra! Usarei o carro até pra ir na padaria da esquina.
O uso mais intenso do transporte público poderia ser uma boa ideia se ele funcionasse. Não sei vocês, mas não acho nem um pouco interessante passar muitos minutos esperando pra pegar o ônibus, e quando ele chegar constatar que está cheio de gente fedorenta e sem noção. Sem contar que os trajetos costumam ser meio insanos, além da lerdeza por ser um veículo grande que para constantemente. Que tipo de pessoa minimamente racional vai trocar a alegria e comodidade de fazer um trajeto em 15 minutos para fazê-lo em cerca de uma hora (já contando as paradas e os atrasos)? Se eu pudesse escolher e dormir meia horinha a mais por dia, sem ter que me preocupar em me atrasar um minuto sequer, porque o próximo ônibus passará dali a 20 minutos, eu com certeza o faria.
Se depender de mim, morreremos todos sufocados pelo monóxido, dióxido, sei lá o quê de carbono. Mas morreremos felizes, dentro dos nossos carrinhos com ar condicionado. ;)
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Update: confiram amostras de egocentrismo gratuito e colorido aqui.
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This land is mine, this land is free
I'll do what I want but irresponsibly
It's evolution, baby
Pearl Jam - Do the Evolution